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Três restaurantes alternativos — e mais baratos — de chefs estrelados no Japão

Casas destacadas permitem comer bem e são mais acessíveis na hora da reserva



O Japão é conhecido internacionalmente pela alta gastronomia e, para um foodie, nenhuma viagem fica completa sem uma visita a pelo menos um dos muitos restaurantes premiados das grandes cidades japonesas. Acontece que, com o fim da pandemia, reservar uma mesa em uma das casas estreladas de Tóquio, Osaka e Kyoto se tornou um desafio que poucos conseguem vencer, independente do tempo de antecedência.


Além disso, para muitos viajantes, os preços das experiências gastronômicas em restaurantes três estrelas Michelin é proibitivo. Um jantar na maioria dessas casas não sai por menos de 300 dólares, um valor que é maior que o do salário mínimo no Brasil.


Porém, muitos chefs e estabelecimentos consagrados entendem as limitações e exigências de um restaurante laureado e para atingir outros públicos — ou mesmo por satisfação pessoal — embarcam em projetos paralelos. Em muitos casos, são empreendimentos que têm uma estrutura menor, mas não deixam cair a qualidade.


Estes restaurantes oferecem uma experiência diferente daquela apresentada em suas irmãs mais bem sucedidas mas que, mesmo assim, dá um gosto da gastronomia do seu criador sem assustar a carteira ou esgotar a paciência de quem faz as reservas. Conheça três casas com essas características.


Abelhas

Yoshihiro Narisawa é tido como um dos mais importantes nomes da gastronomia japonesa na atualidade. Ele fundou o estabelecimento que leva o seu sobrenome em 2003 e, desde então, galgou altos postos em diversas listas de melhores restaurantes do planeta. A casa tem duas estrelas no Guia Michelin e é o 45º melhor restaurante do mundo segundo a World's 50 Best. O sucesso foi conquistado com uma gastronomia inspirada pelos satoyama, as antigas vilas rurais das montanhas japonesas que eram autossuficientes na produção de alimentos e utensílios, vivendo em parceria com a natureza no seu entorno.


Narisawa levou o mesmo conceito para um imóvel não muito distante do restaurante original e criou o Bees Bar & Cafe, um espaço focado em coquetéis. A casa, que fica no subsolo de um prédio insuspeito numa rua lateral de Aoyama, tem um menu com pratos que podem servir como petiscos ou como uma refeição completa.


A seleção de ingredientes no Bees Bar & Cafe é feita com os mesmos critérios que alçaram o Narisawa ao panteão dos melhores do mundo, com produtos de qualidade trazidos de pequenos produtores de diversas partes do interior do Japão. Gosto, especialmente, dos pratos com molhos, como o hambúrguer de kobe beef e os curries, que entram e saem do menu. A carta de saquês também é excelente, com rótulos de várias partes do país. Porém, o destaque são os coquetéis, todos assinados pela casa.


Tudo isso num ambiente elegante, mas descontraído, quase sempre fácil de reservar, mesmo sem muita antecedência. E, claro, por uma conta no mínimo um terço menor do que o do restaurante estrelado.


Hambúrguer de kobe beef com raízes rústicas (foto: Roberto Maxwell)

Marmita de kaiseki

O kaiseki é um tipo de banquete japonês servido em pequenas porções e diversos passos, apresentando quase que um balé de ingredientes sazonais, técnicas de cocção e serviço. Ele pode ser considerado a mais fina expressão da gastronomia japonesa.


Para muitos ocidentais, porém, o kaiseki é um desafio, em especial porque muitos dos produtos utilizados são desconhecidos fora da Ásia. Além disso, no kaiseki, os temperos a que estamos acostumados — sal, açúcar, especiarias — são coadjuvantes discretos, quando não inexistentes. O estilo procura destacar o sabor dos ingredientes.


Uma das casas mais conceituadas de kaiseki no Japão é o Kikunoi. Com três estrelas Michelin, o espaço no estilo ryotei — o máximo do luxo gastronômico no Japão — também é um dos restaurantes mais difíceis de reservar em Kyoto. Isso porque a casa do chef Yoshihiro Murata atualizou as bases do kaiseki ao usar ingredientes ocidentais sem perder a aura que o associa tão fortemente aos banquetes de corte tão apreciados pela elite da Capital Milenar.


Todo o luxo pode levar a uma conta que se aproxima dos 500 dólares por pessoa e não são raros os casos dos que sentem que não valeu a pena, o que é muito mais uma questão cultural — por conta dos sabores — do que de entrega da parte do restaurante.


Por isso, o Salon de Muge é uma opção interessante para quem quer conhecer o kaiseki. O espaço é um café que, no horário de almoço, oferece um elegante bentô — no multiverso Japão, o correspondente à nossa marmita. O "prato" custa apenas um décimo do valor do menu mais completo da casa e, veja bem, apesar de ser uma marmita, é uma refeição que passa longe de ser minúscula. A foto abaixo mostra apenas a marmita e uma pequena parte do que é servido. Outros pratinhos também vêm à mesa e a quantidade de comida é suficiente para alimentar a maior parte dos adultos.


O bentô do Salon de Muge é só parte da refeição (foto: Roberto Maxwell)

Além da refeição no horário do almoço, o Salon de Muge tem uma carta de bebidas — incluindo saquês locais — e sobremesas deliciosas, que é o que atrai a maioria dos visitantes que visitam o café. O montblanc da foto de abertura deste artigo é de lá. Sendo assim, o espaço oferece uma oportunidade única de provar comida kaiseki de altíssima qualidade sem medo de quebrar a banca e sem esquentar as pelotas por horas tentando arranjar uma mesa.


Encontro entre China e Japão

O Sazenka fez história ao ser o primeiro restaurante de gastronomia chinesa a receber três estrelas Michelin no Japão. A cozinha pilotada pelo chef Tomoya Kawada também entrou na 12ª posição na lista Asia's 50 Best, a mais alta conquistada por um estabelecimento de comida chinesa em todo o continente. O sucesso fez quase impossível a tarefa de reservar uma mesa na casa fundada em 2017.


Não muito distante dali, o empresário Ryoji Hayashi, co-proprietário do Sazenka, decidiu rememorar a infância e abrir em Tóquio um restaurante inspirado na casa que seu pai criou em 1967 em Matsue, capital da província de Shimane, na costa do Mar do Japão. O nome escolhido: Tousenkaku, o mesmo do restaurante em que cresceu aprendendo com o pai.


Localizada no subsolo de um prédio obscurecido por um dos muitos minhocões que cortam a capital japonesa, a casa é quase que um mundo à parte. A porta de entrada esconde um elegante espaço composto de balcão, três mesas e sete salas privadas, algo que os japoneses apreciam muito.


Mabodofu ganha um olhar japonês no Tousenkaku (foto: Roberto Maxwell)

Somos eximidos da difícil tarefa de escolher o que comer no extenso menu da casa graças aos menus-degustação, que começam com o valor aproximado de 85 dólares por pessoa, cerca de um terço do que se pagaria no Sazenka. Conhecidos que visitaram os dois restaurantes disseram que a qualidade da comida que vem à mesa no Tousenkaku não deixa nada a desejar ao irmão mais velho. O mabodofu (foto), que costuma ser um prato difícil de digerir para quem não é muito chegado à pimenta como eu, é balanceado e muito saboroso. Já o porco agridoce é delicado e tem uma textura ótima. Por fim, a carta de vinhos é curta, mas foi uma surpresa com rótulos franceses de excelente qualidade.


Com isso, o Tousenkaku é uma excelente opção para quem procura sair do óbvio e provar alta gastronomia chinesa contemporânea sem a dor de cabeça de passar dias na frente do computador à espera do milagre de um cancelamento no Sazenka — e, como nos casos dos outros restaurantes que aparecem no artigo, pagando bem menos.


SERVIÇO

Bees Bar & Cafe by Narisawa

bar de comidinhas e coquetéis

Tokyo-to Minato-ku Minamiaoyama 2 −14−15 Edifício Igarashi - Subsolo 1 [mapa]

$$

☆☆☆☆


Salon de Muge café com doces e kaiseki

Kyoto-fu Kyoto-shi Higashiyama-ku Washiocho 524 [mapa]

horário do serviço do bentô 11:30 às 13 horas

$$

☆☆☆☆☆


Tousenkaku

gastronomia chinesa

Tokyo-to Minato-ku Roppongi 4−8−7 Edifício Roppongi Shimada - Subsolo 1 [mapa]

$$$

☆☆☆☆☆

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