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dia de churras
GRELHA À BEIRA-RIO

Em Tóquio, o tradicional churrasquinho de fim de semana tem como cenário as margens dos rios. Em vez de pagode, tem guerrinha

com pistola de água

texto e fotos: Rodrigo Esper

Passei grande parte da minha vida morando no Rio de Janeiro e, portanto, não sou estranho ao calor. Quando vim para o Japão pela primeira vez, a passeio, alguns amigos me alertaram sobre o quão brabo poderia ser o verão por aqui. Obviamente, julguei que o aviso se devia ao fato de todos serem paulistas. Qual era a possibilidade de o verão japonês se equiparar aos ônibus lotados que já enfrentei no subúrbio do Rio? Pois saiba que eu não poderia estar mais enganado.

Quando cheguei, o clima estava agressivo a ponto de não haver dúvidas entre trocar muitas horas da viagem mais esperada da minha vida e ficar largado no chão sob o
ar-condicionado.

Com o tempo, descobri que um dos destinos mais populares de quem busca um refúgio refrescante é acampar nas margens mais remotas dos rios que cruzam a cidade. Muita gente prefere esse programa a frequentar as praias próximas a Tóquio. No entanto, nem sempre é fácil encontrar o equilíbrio perfeito entre acesso viável de trem, bons pontos para entrar na água e a fuga das aglomerações (esses lugares costumam lotar nos dias mais quentes).

Típico dia de verão às margens do Rio Aki

Fui levado por esse mesmo grupo de amigos, residentes de longa data em Tóquio, ao seu local favorito para um churras  de verão, às margens do Rio Aki, um afluente do Tama, a oeste da capital.

Levamos 1h30 de trem da estação de Shinjuku (a passagem custa 1.580 ienes, cerca de 75 reais) até a estação Musashi-Itsukaichi e mais dez minutos de caminhada até o Akigawa Bridge River Park Barbecue. Assim que chegamos, e senti o vento frio vindo das montanhas, tive a certeza de que essa foi uma das decisões mais acertadas desde que mudei para o Japão.

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Guerrinha clássica nos passeios de verão

Há alguns verões voltamos ao Aki para fazer churrasco – tudo é trazido no trem, inclusive a churrasqueira portátil (existem modelos descartáveis que já vem com carvão, vendidos em lojas de 100 ienes). Como alternativa, há opções de aluguel no local, que fornecem todo o equipamento por um preço um pouco inflacionado. É altamente recomendável trazer ou alugar guarda-sol e cadeiras de camping, pois o sol é forte e o chão, de pedras.

Para comer, trouxemos salsicha e carne brasileira, compradas online em uma loja na província de Gunma, legumes para grelhar e salada. Preparamos alguns drinques em garrafas térmicas e fechamos a farofada com cerveja comprada na konbini (a loja de conveniência japonesa). O cooler improvisado é uma engenhoca que já virou clássico: aproveitar a água fria do rio e as pedras para acomodar as latinhas. Mas cuidado para não serem levadas pela correnteza!

Com poucas praias, os rios são a melhor opção de lazer na água da capital japonesa

Minha dica final e não menos importante é: não se intimide com o aparato profissional (e, convenhamos, um tanto desnecessário) de camping de algumas famílias japonesas. Vi muita gente que gastou pelo menos metade do tempo à beira-rio montando e demonstrando tranqueira. Ah, ir de carro facilita bastante, mas não é uma necessidade. Ou seja, qualquer pessoa com uma vivência mínima em ser farofeiro, bons amigos e algumas pistolas de água compradas em lojas de 100 ienes pode desfrutar dessa experiência.

Serviço

AKIGAWA BRIDGE RIVER PARK

Tokyo-to Akiruno-shi Totohara 813

www.akirunokanko.com (em japonês)

RODRIGO ESPER é criador de conteúdo e já liderou equipes audiovisuais em festivais como Rock In Rio, Lollapalooza e Tomorrowland. Vive há três anos no Japão e trocou a vida de agência para fundar a revista online Local Maze.

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