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Hironori Sato, proprietário do Julep

água de beber
O REI DA CAIPIRINHA

Proprietário do único bar de Tóquio especializado em cachaça, Hironori Sato quer trazer a alegria brasileira para a capital com seus drinques

texto: Raphael Tanaka
fotos: Carlos Kato

Para muitos brasileiros, verão é sinônimo de confraternização e de churrasco acompanhado de uma boa caipirinha. Perfeito para a estação mais quente do ano, o icônico drinque é ainda, para mim, uma forma de me reconectar às minhas raízes caipiras e brasileiras. Não à toa, sou apaixonado pela bebida.

Sempre que quero matar um pouco da saudade da minha terra, me vejo em frente ao Bar Julep. Próximo à estação de metrô de Ikejiri-ōhashi, no distrito de Setagaya, o lugar é especializado em rum e cachaça, com mais de 300 rótulos da bebida caribenha e mais de 100 da nossa aguardente. Com capacidade para 20 pessoas, o salão aconchegante é adornado por livros sobre cachaça e uma pequena coleção de discos e CDs de música brasileira.

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"Aproximamos as pessoas da cultura brasileira por meio da cachaça, o que acho muito importante e me deixa extremamente feliz."

Hironori Sato

O proprietário é o bartender Hironori Sato, fundador e presidente da Associação Japonesa de Cachaça e diretor da Associação Japonesa de Rum. O bar é gerenciado pelo bartender Koji Yamamoto, concierge de cachaça e rum. Yamamoto também é pesquisador de infusões alcoólicas e pintor. Em 2019, ele participou do The Art Cruiser Project, projeto no qual 50 artistas customizaram as jaquetas da marca americana Strauss-Malcolm.

O Julep é um dos bares onde me sinto mais à vontade, seja pela proximidade de onde moro, seja pela forma hospitaleira com a qual sempre sou recebido. E pela trilha sonora, que por vezes me leva a memórias felizes. No Julep, tenho a confortável sensação de estar um pouquinho mais perto de casa. Em uma das minhas idas ao bar, tive um bate-papo descontraído com o Sato-san, regado a caipirinha, claro.

Como se deu seu encontro com o Brasil e com a cachaça?

Foi quando conheci a música brasileira, meu estilo musical favorito. Gosto muito de rum, mas na época, não sabia nada sobre cachaça. Descobri que ela também era feita de cana-de-açúcar. Eu era apenas um jovem quando provei uma caipirinha pela primeira vez e fiquei impressionado. Então decidi ir ao Brasil, para ter a experiência de beber caipirinha e escutar música brasileira in loco. Lá, descobri uma enorme variedade de cachaças e, sendo bartender, achei isso incrível. Como queria andar pelo Brasil, passei a estudar sua cultura e sobre a cachaça. Com isso, já estive no país em cinco ocasiões.

Qual é o conceito do Julep?

Quando abri o bar, em 2002, a ideia era unir minhas bebidas e músicas favoritas no mesmo ambiente. No início, tivemos garrafas de vários tipos de bebidas alcoólicas, como em qualquer outro bar. Mas depois de dois anos decidi focar apenas nas garrafas de rum e cachaça. O rum já é conhecido mundialmente, por isso hoje trabalho para que mais pessoas possam conhecer a cachaça. Gosto muito do Caribe, que também já visitei, mas o Brasil é o meu lugar predileto.

Você é fundador e presidente da Associação Japonesa de Cachaça. Quais são as atividades da organização?

Desde 2016, a  associação trabalha na divulgação da cachaça no Japão. Temos inúmeras atividades, sendo a principal delas o Cachaça Concierge, sistema de qualificação que estamos implantando por todo o país. O objetivo é formar concierges que possam orientar interessados em conhecer a cachaça para que, juntos, possamos tornar o nome da bebida mais conhecida por aqui. Realizamos seminários em bares de várias regiões do país e eventos, solo ou em conjunto com a Associação Japonesa de Rum, da qual sou diretor. Além disso, redigimos textos sobre cachaça para dar maior suporte a quem deseja se aprofundar no assunto. Com tudo isso, aproximamos as pessoas da cultura brasileira por meio da cachaça, o que acho muito importante e me deixa extremamente feliz.

No ambiente do bar, lembranças do Brasil

O bar tem uma coleção de discos de música brasileira. Poderia falar mais sobre sua relação com nossa música e algumas de suas preferências?

Meu primeiro contato com a música brasileira foi pela obra do cantor Djavan, mais especificamente com a música Samurai. Quando descobri que a gaita era tocada por Stevie Wonder achei a canção ainda mais incrível. A partir disso, passei a escutar bastante MPB. Como gosto de soul music, passei a escutar também artistas como Jorge Ben Jor e Milton Nascimento. Hoje também ouço outros estilos, como samba, axé e música pop.

Você tem uma mensagem para os brasileiros que futuramente venham visitar o Julep?

Sempre que estou no Brasil, cercado de brasileiros, tenho experiências indescritíveis, repletas de felicidade. Como temos cachaça e drinques brasileiros em nosso bar, queremos oferecer essa experiência no melhor estilo Tóquio. Então desejo que se divirtam ao nos visitar, tanto como me diverti no Brasil.

Três bons drinques do Julep
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CAIPIRINHA

Existem inúmeras versões para a origem do mais icônico coquetel brasileiro. Em uma delas, o drinque teria nascido como remédio caseiro durante a pandemia de gripe espanhola no início do século 20. A caipirinha do Julep é preparada da forma tradicional e tem doçura moderada – a combinação entre açúcar e acidez cai como uma luva no calor da megalópole.

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CUBAN MOJITO

Com muita hortelã e o tradicional rum Havana Club, o drinque centenário floresceu nas noites quentes da capital cubana e hoje faz parte do menu de muitos bares pelo mundo. De sabor refrescante e equilibrado, o clássico é um dos carros-chefe do Julep.

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BRAZILIAN MARY

Versão abrasileirada do clássico Bloody Mary, é boa pedida para quem não é muito fã de drinques doces. A vodca é substituída por cachaça Seleta, produzida na cidade mineira de Salinas. Ao agregar o sabor do destilado de cana, a mistura ressalta os temperos e a acidez do suco de tomate. Uma grata surpresa.

Embora o matchá seja tradicionalmente consumido durante a cerimônia do chá, sua versatilidade e poder de adaptação fez com que o pó verde alcançasse mais pessoas e tomasse novas formas, entrando no preparo de bolos, bebidas à base de leite e sorvetes, por exemplo. A seguir, veja uma seleção de casas em Asakusa.

BAR JULEP

Tokyo-to Setagaya-ku Ikejiri 2−34−16

www.julep.online (em japonês e inglês)

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Radicado no Japão desde 1998, RAPHAEL TANAKA vive na capital há 5 anos. Aficionado por bares e restaurantes, é guia turístico na agência Tabiji em Tóquio e em outras regiões do país.

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