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No templo da paz eterna, Eiheiji

Fora da rota dos turistas estrangeiros, mosteiro zen em Fukui vai além ao oferecer mais que turismo aos visitantes


No inverno, as montanhas da província de Fukui se transformam. O imenso volume de neve que cai na região transforma a floresta luxuriante no entorno do Templo Eiheiji numa imensidão branca. Muito provavelmente foi o silêncio absoluto do local que convenceu o monge Dogen a fundar ali, em 1244, um espaço para estudo e meditação de monges e praticantes do zen, uma escola budista que veio da China, mas ganhou no Japão marcas que a associaram para sempre ao País do Sol Nascente.


O zen é uma das escolas do budismo mais populares no ocidente e se baseia na ideia de que as práticas espirituais – dentre elas a meditação – e o autocontrole são o caminho para o entendimento das naturezas da mente e das coisas. Encarado como uma filosofia de vida, os fundamentos da escola se espalharam pelo mundo e a prática do zazen, a meditação sentada, se tornou quase que um sinônimo do budismo para europeus e americanos do norte e do sul.


No século 13 , Kamakura – a cerca de uma hora da atual Tóquio – era o centro militar do país e muitos samurais praticavam ali o zen como parte do seu treinamento de guerra. Como o lar dos mandantes de facto do país, a cidade à beira-mar rivalizava com a capital Kyoto em produção cultural e em movimentação política e econômica. Assim, o Eiheiji – ainda sem esse nome – surge, então, como um refúgio para a prática do zen, a quilômetros de distância da agitação e das distrações de Kamakura.


Santuário Inari às margens do Rio Eiheiji, próximo ao templo (foto: Rakkotoppu/Photo AC)

Séculos depois, embora os samurais tenham saído de cena, o Templo da Paz Eterna – tradução literal para o nome Eiheiji – segue sendo o local imaginado por seu fundador. Ocupando, com 70 construções, uma área de 330 mil metros quadrados, o Eiheiji recebe mais de 2 milhões de visitantes por ano. Cerca de 100 monges vivem e congregam no lugar, boa parte do dia lado a lado com os turistas que visitam o local todos os dias em busca de conforto espiritual ou curiosos pelas características únicas do templo.

Corredores ligam os diversos prédios do complexo (foto: Roberto Maxwell)

Arquitetura diferenciada

Ao invés dos prédios espalhados na montanha e espaços a céu aberto comuns nos complexos budistas japoneses deste tipo, os principais prédios do Eiheiji são conectados entre si por corredores cobertos. É a forma mais segura de manter funcionando as funções sagradas e profanas – como as visitas turísticas – mesmo na época em que a neve toma conta da montanha.


Já na entrada, o Eiheiji prepara o visitante para uma experiência diferente. Um longo corredor de cedros gigantescos leva até o portal de acesso ao complexo. Antes deste, porém, está ali um belo jardim com uma pagoda e um lago de água corrente que são tranquilizadores. Dali, o sobe e desce de escadas inicial – dentro de prédios contemporâneos nada inspiradores – e as orientações para os turistas podem quebrar um pouco o clima. A chegada aos corredores, porém, revelam a beleza arquitetônica do lugar que encanta até mesmo os mais céticos.

Destruído pelo fogo diversas vezes ao longo da sua história, o complexo tem como construção mais antiga o Portal Sanmon, de 1794. Imponente, o pórtico só pode ser utilizado como entrada e saída do templo por aqueles que vêm ao local para participar de determinadas atividades sagradas.


Dois dos quatro Shitenno, guardiães do dharma, no Portal Sanmon (foto: Yoshippa/Photo AC)

Seguindo pelos corredores, é possível visitar outros espaços importantes. O Butsuden fica no meio do complexo e abriga as três estátuas de Buda mais importantes do templo. Já o Hatto, o Salão de Pregações no alto, é a maior construção e onde os monges internos recitam os sutras ainda de madrugada, longe dos olhos dos turistas. Aqui, os mestres mais graduados ensinam pros iniciantes os preceitos do zen.


Experiência zen

Durante a visita, é possível acompanhar de soslaio a rotina dos monges, que sempre circulam apressados entre os prédios. Dentro da área restrita, chamada de Sodo, ficam os espaços do dia-a-dia deles. O Daikuin, por exemplo, é a cozinha onde são preparadas as refeições do templo. Já o Yokushitsu e o Tosu são os banheiros. O acesso a esses espaços é limitado e a movimentação só pode ser vista de fora.

Quem quer meditar e conhecer a rotina do Eiheiji mais a fundo pode participar das experiências oferecidas no local. São dois programas, que incluem um número de definido de sessões de zazen, uma tour guiada e outras atividades, além da estadia de uma noite no monastério. Seguindo os preceitos do templo de "não mate e não faça com que outros matem", as refeições servidas aos monges e visitantes de uma noite são vegetarianas.

No verão, o verde luxuriante da floresta são o pano de fundo para as flores de lótus que nascem nas áreas abertas do templo (foto: Kinmoku/Photo AC)

O Sanzen é um programa oferecido o ano inteiro para quem tem interesse em praticar o zazen. O participante deve participar de quatro ou cinco sessões da meditação durante sua estadia no templo. Já o Sanro é um programa mais curto, com menos sessões de zazen e oferecido apenas algumas vezes por ano.


Outra experiência é se hospedar no Hakujukan, uma espécie de hotel zen, bem próximo ao templo. Além do conforto elegante da hospedagem, o estabelecimento oferece sessões de zazen, um banho termal e a comida monástica. Tanto no templo quanto no hotel, os esforços são para que a sua visita vá além do senso comum e se transforme numa real experiência no universo zen.


SERVIÇO

Daihozan Eiheiji

templo zen-budista

Fukui-ken Yoshida-gun Eiheiji-cho Shihi 5-15 [mapa]

8:30 às 16:30

¥500 (adultos), ¥200 (estudantes de ensino fundamental e médio), gratuito para menores de 7 anos


Hakujukan

hotel zen afiliado ao Eiheiji

Fukui-ken Yoshida-gun Eiheiji-cho Shihi 6-1 [mapa]


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