Série marca a entrada da Tokyo Aijo na produção de conteúdo audiovisual
Niida Yasuhiko, mestre de saquê e proprietário da Niida Honke (foto: divulgação)
Ilustre desconhecido no Brasil, o saquê vive um momento contraditório. Por um lado, a bebida tem feito um grande esforço para se manter viva nos corações — e nas mesas — dos japoneses. Já faz algumas décadas que o consumo de saquê está em queda no Japão. Ao mesmo tempo, o aumento das exportações da bebida em 2020 mostra que o interesse internacional por ela não arrefeceu, mesmo com a pandemia.
Para apresentar o saquê para o público brasileiro, o site da Tokyo Aijo começa a transmitir nesta sexta-feira a série documental 3x Saquê. Serão três episódios, de pouco menos de 10 minutos cada, mostrando a produção da bebida em diferentes fábricas da Região Tohoku, no nordeste do Japão. A série é produzida e dirigida por Roberto Maxwell, editor-chefe da revista.
Uma indústria em reinvenção
Acontece com o saquê no Japão o mesmo que ocorre com a cachaça no Brasil: em ambos os casos, as bebidas são associadas com as gerações mais antigas. Os japoneses, como os brasileiros, também se apaixonaram pela cerveja, que virou a bebida alcoólica mais consumida no país. Além disso, outro fenômeno mundial encontra paralelo no Japão, com boa parte dos jovens desinteressados totalmente no consumo de álcool.
No desafio para se manter a bebida tradicional viva, o mercado internacional vendo sendo apontado como uma saída. Dados da Organização de Comércio Exterior do Japão, a JETRO, as exportações de saquê vem aumentando desde 2010. Mesmo com a pandemia e a queda em mercados importantes como os Estados Unidos e a Europa, o volume de vendas da bebida fora do Japão segue em alta, puxado por países asiáticos como a China.
Mesmo no Brasil, que está fora da lista dos dez maiores compradores, o crescimento veio se mantendo estável no período entre 2011 e 2019, ano que o Japão registrou o recorde no valor de exportação do produto para o país, cerca de 1,08 milhão de dólares. (Em termos de comparação, este valor é mais de 50 vezes menor que as vendas para o maior mercado de saquê do mundo, Hong Kong.)
Para reconquistar o coração dos japoneses — e, de quebra atingir o dos estrangeiros —, as fábricas de saquê vêm se reinventando, seja através do resgate de técnicas antigas de produção, seja em busca de novas formas de produção ou de apresentação dos produtos.
Visitantes vivenciam a produção de um barril de maturação de madeira na Niida Honke (foto: divulgação)
A série
3x Saquê acompanha o processo de produção da bebida em três fábricas com perfis bem diferentes. "A Natureza do Saquê", o episódio de estreia, conta a história da Niida Honke, uma fábrica da província de Fukushima que criou o conceito de shizenshu, saquê natural.
O mestre de produção e proprietário Niida Yasuhiko fala sobre a filosofia da empresa e apresenta um dos seus saquês, o Kan-atsurae, já disponível no Brasil. O episódio, que chegou a ser apresentado em eventos de saquê e no Instagram do criador do projeto Roberto Maxwell, chega à série em versão levemente estendida.
Rodado na província de Yamagata, o segundo capítulo mostra duas gerações da Kojima Sohonten falando sobre como o clima e o terroir, um conceito novo no universo do saquê, afetam a produção o saquê Toko. No ano do início das filmagens, a empresa, que é uma das mais antigas fábricas ainda em atividade, tomou uma decisão radical: só produzir saquês puro arroz.
3x Saquê
série documental em três episódios
todas as sextas, no Instagram e no site da Tokyo Aijo
a partir de 14 de maio
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