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É do Brasil! Fábio Ota é condecorado como Sake Samurai no Japão

Condecoração é a mais importante dada a pessoas físicas no universo do saquê



"Amar o saquê e divulgá-lo pelo mundo": esse é o requisito principal usado pela Associação Japonesa dos Jovens Produtores de Saquê para oferecer o título de Sake Samurai a japoneses e estrangeiros que assumiram como missão revitalizar a cultura da bebida fermentada que simboliza a Terra do Sol Nascente. Desde 2005, foram 97 japoneses e estrangeiros condecorados com a mais importante homenagem do universo do saquê. Neste ano, um brasileiro estará entre os laureados pela primeira vez desde 2017, quando o empresário, sommelier e educador de saquê Alexandre Iida, o Adegão, foi agraciado.


Fabio Ota, 48, é o premiado de 2023. Junto com a sócia e esposa Aya Tamaki, ele abriu a Mega Sake, uma importadora que iniciou suas atividades pouco depois do arrefecimento da pandemia. Oriundo do mercado financeiro, Ota é um apaixonado por bebidas fermentadas e viajava pelo mundo em busca de bons vinhos. Foi numa viagem ao Japão que, com acesso ao saquê na terra em que ele é produzido, ele teve uma epifania. "Percebi que a qualidade do saquê no Japão era muito diferente da do saquê consumido no Brasil, inclusive considerando o mesmo rótulo", conta.


Ota começou a investigar e descobriu que o fermentado japonês atravessava o mundo até o Brasil em contêineres comuns, enfrentando o calor escorchante da viagem, o que afeta drasticamente a qualidade do produto. Foi um sinal de que havia ali uma necessidade de mercado. Antes de iniciar, porém, Ota decidiu estudar mais. Desde o seu primeiro certificado internacional, conquistado em 2018, ele recebeu mais de uma dezena de diplomas relevantes na área e é um dos profissionais de saquê mais bem formados do Brasil.


Os estudos foram sempre alternados com visitas ao Japão para conhecer o mercado e provar as bebidas in loco. Nas suas contas, Ota visitou mais de 120 sakaguras, as fábricas de saquê. "Não é nada", diz. "É apenas 10% do número de produtoras no país", prossegue ele que continua fazendo as visitas, nas quais prospecta rótulos que o cativam e que podem ser viáveis no mercado brasileiro.


Ambiente do espaço de degustação da Mega Sake, na doceria Amay (foto: Mega Sake/divulgação)

Com muita pesquisa e todas as garrafas transportadas e armazenadas em contêineres refrigerados, a Mega Sake vem mudando a imagem do fermentado japonês no Brasil. A empresa trouxe, por exemplo, o primeiro rótulo de saquê natural a ser comercializado no país, o Kan-atsurae, da produtora Niida Honke, uma bebida de sabores complexos e surpreendentes.


Ota conseguiu também a proeza de inserir o saquê em restaurantes de alta gastronomia, fora do escopo da cozinha japonesa. Atualmente, é possível harmonizar o fermentado japonês com os pratos de chefs do naipe de Alex Atala (D.O.M., São Paulo) e Alberto Landgraf (Oteque, Rio de Janeiro). Isso com as brigadas dos restaurantes devidamente treinadas por Ota para orientar o consumidor na escolha da bebida. "É um trabalho de formiguinha que oferecemos gratuitamente para os restaurantes, com aulas e degustação, para que todos que trabalham na casa entendam o que estão servindo", explica.


Educação etílica

Além da parte comercial, Ota entrou de cabeça na difusão de conhecimentos novos sobre o saquê no Brasil. Ele é defensor ferrenho do uso de taças de vinho no consumo da bebida. "O aroma é uma das qualidades do bom saquê e a taça de vinho realça isso", ensina. São informações como essas, ainda pouco difundidas mesmo no Japão, que Ota transmite em atividades como o Festival do Sake. Em sua edição 2022, o evento atraiu mais de mil pessoas para a Japan House São Paulo. Na ocasião, aulas e degustações dirigidas gratuitas foram oferecidas aos visitantes ao longo de 10 dias.


Fábio Ota e a taça de vinho, uma forma mais arrojada de degustar o saquê (foto: Mega Sake/divulgação)

"O público brasileiro ainda desconhece o saquê bebido puro. Cada evento desses é a chance de chegar a um número grande de pessoas e poder apresentar a elas a bebida", diz ele.


No dia a dia, é possível provar os saquês selecionados por Ota e trazidos exclusivamente pela Mega Sake na loja matriz e no espaço de degustação montado na patisserie Amay, onde se pode experimentar a harmonização da bebida com os doces da casa, outra novidade mesmo no Japão.


O escopo das atividades realizadas por Fabio Ota sensibilizou o júri que se reúne anualmente para conceder o título de Sake Samurai. Marcada para o dia 26 de setembro, a condecoração dele e dos outros três novos Sake Samurais será no Matsuo Taisha, considerado o mais importante santuário xintoísta do Japão dedicado ao saquê. Fábio já está de malas prontas para embarcar para Kyoto e receber a premiação, mas não é só isso. Ele viaja, pela terceira vez só em 2023, para reuniões e encontros com pessoas da indústria além de, claro, visitar mais sakaguras. Que os deuses do saquê o acompanhem e o iluminem para que ele traga para o Brasil boas novas da bebida — e rótulos ainda melhores.


SERVIÇO

MEGA SAKE Alameda Joaquim Eugênio de Lima, 1416 - Jardim Paulista, São Paulo - SP [mapa]


AMAY PATISSERIE

R. Cubatão, 305 - Paraíso, São Paulo - SP [mapa]


D.O.M.

R. Barão de Capanema, 549 - Jardins, São Paulo - SP [mapa]


Oteque Rua Conde de Irajá, 581 - Botafogo, Rio de Janeiro - RJ, [mapa]


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