Finalista do Prêmio Nobel e aclamado em vida, autor disseca em suas obras as contradições morais de um país em transformação
Jun’ichiro Tanizaki nasceu em 1886, bem no meio de um período de fortes mudanças na sociedade japonesa: a Restauração Meiji. O país que ele conheceu tinha um dilema: acompanhar as evoluções tecnológicas e sociais desenvolvidas no ocidente, ao mesmo tempo que buscava definir sua própria identidade cultural.
Tanizaki nasceu numa família abastada de mercadores de Nihonbashi, um distrito com forte apelo comercial, considerado o centro nervoso de Tóquio, já então a maior metrópole do planeta. Um de seus tios era proprietário de uma gráfica e seu contato com a leitura se deu logo cedo.
A família Tanizaki foi fortemente afetada pelo terremoto que devastou Tóquio em 1894. Ainda assim, o jovem Jun’ichiro frequentou um dos mais importantes colégios da capital japonesa. Em seguida, começou a cursar Literatura na Universidade Imperial de Tóquio, a mais conceituada do país.
Foi na faculdade que Tanizaki começou a publicar seus escritos. Seu primeiro trabalho a chegar a um público mais amplo foi A Tatuagem (Shisei/1910). Definida como uma história de sensualidade sombria, a obra traz temas que serão característicos da sua primeira fase de produção literária: o erotismo, o sadismo e o grotesco.
A queda do poder aquisitivo da família levou o futuro autor a deixar a universidade após três anos de curso. No entanto, sua carreira literária começava a deslanchar. Tanizaki chegou, também, a trabalhar para um estúdio cinematográfico, enquanto vivia uma vida boêmia em Yokohama, cidade próxima a Tóquio, com forte influência europeia.
Logo depois do Grande Terremoto de Kanto, em 1923, Tanizaki se mudou para Kyoto. Seus interesses se voltaram para o conflito entre as tradições japonesas e a forte influência ocidental que o país vivia. Voragem (Manji/1928) é desta época e conta a história de uma jovem casada que vive um tórrido romance com uma colega de um curso de arte.
No pós-guerra, Tanizaki já é um autor consagrado, tendo recebido alguns dos mais importantes prêmios literários do Japão. Seus trabalhos passam a se focar em questões da terceira idade, inclusive a sexualidade. Escrita em forma de diário, A Chave (Kagi/1956) é uma obra representativa da época e conta a história de um homem mais velho que decide apimentar o casamento envolvendo a esposa mais nova numa situação de adultério.
Tanizaki questiona o impacto da modernização do país na estética japonesa no ensaio Em Louvor da Sombra (In’ei Raisan/1933). A arquitetura, dentre outros pontos, é usada para provar como a sombra é um elemento central na estética japonesa. Marina Lacerda, arquiteta, parte desta obra no curso Em louvor da sombra: tensões entre tradição e modernidade na arquitetura japonesa para propor uma reflexão sobre tradição e modernidade no país.
SERVIÇO
Em louvor da sombra: tensões entre tradição e modernidade na arquitetura japonesa
curso com Marina Lacerda
datas: 16, 23 e 30 de novembro
horário: 20 às 22 horas (horário de Brasília)
preço: R$257 (¥5500, no Japão)
desconto de 10% para leitores da Tokyo Aijo (use o cupom tokyoaijo10 no ato da inscrição)
inscrições: momonoki.byinti.com
Em louvor da sombra
ensaio de Jun'ichiro Tanizaki
tradução: Leiko Gotoda
editora: Penguin Companhia
72 páginas
preço: R$32,90
mais informações: www.companhiadasletras.com.br
Instiga a ler a obra dele.