Lançado no dia da abertura dos Jogos de 1964, o ícone atravessou décadas e ganha uma releitura no 10º melhor bar do mundo, segundo o The World’s 50 Best Bars
O Nº 1 Cup, drinque servido no The SG Club, em Shibuya (foto: Raphael Tanaka)
Em 1964, ano em que o Japão sediou as Olimpíadas pela primeira vez, era preciso mostrar ao mundo a pujança e a capacidade de reconstrução do país menos de vinte anos após o fim da Segunda Guerra Mundial – seriam, também, os primeiros Jogos no continente asiático. Um dos principais marcos dessa época foi o shinkansen, trem-bala que iniciou as operações naquele ano e impressionou o mundo com sua silhueta futurista e veloz.
Embora mais singelo, outro símbolo olímpico perdura até hoje: o one cup sake, lançado em 10 de outubro de 1964, dia da cerimônia de abertura. Os copinhos de 180 ml, de vidro com anel de metal e tampa plástica, foram criados pela Ozeki, fábrica de saquê da província de Hyogo. Fundada em 1711, ela teve as próprias instalações destruídas em um ataque durante a Segunda Guerra.
A embalagem do One Cup Ozeki, que preza sobretudo pela praticidade, foi idealizada pelos designers Iwataro Koike, professor da Universidade de Artes de Tóquio, e Joji Matsukawa, professor da Universidade Joshibi de Arte e Design, e teve poucas modificações até hoje: o rótulo é o mesmo e a tampa foi aprimorada quatro vezes. A trajetória de popularidade foi marcada por investimentos massivos em propaganda, com estrelas de cinema nas campanhas e filmagens no exterior. Segundo o fabricante, até 1979 foram vendidas 100 milhões de unidades.
Depois da pioneira, outras marcas começaram a lançar seus próprios cup sake, transformando-o em um ícone pop japonês. Se antes o consumo de nihonshu (chamado de “saquê” no Brasil) era restrito a bares, que serviam a bebida em garrafas e cuias de cerâmica e porcelana, agora é possível comprá-lo nas onipresentes lojas de conveniência e vending machines, por exemplo. A dose (10% da garrafa, de 1,8 litro) é perfeita para programas populares entre os japoneses, como os piqueniques de hanami, feitos sob as cerejeiras em flor, e as viagens de trem (o consumo de álcool é permitido no shinkansen e nos trens não urbanos).
O pioneiro One Cup Ozeki e versões de outras marcas (foto: Reprodução)
Se de um lado esse apelo emprestou uma imagem de bebida barata e sem sofisticação ao nihonshu, de outro há profissionais que buscam resgatar essa história com algum charme. É o caso do aclamado bartender Shingo Gokan, com empreendimentos em Tóquio e Xangai. No The SG Club, na capital japonesa, um dos drinques criados por ele é o Nº 1 Cup, mistura de Pimm’s Nº 1 (uma bebida inglesa à base de gim, ervas e licores), gim, earl grey (chá preto com óleo essencial de bergamota), cítricos, especiarias, água gaseificada e nihonshu, servido em uma versão personalizada do copinho. Um brinde!
Você pode conferir a matéria sobre o The SG Club, 10º melhor bar do mundo no ranking The World’s 50 Best Bars, por Raphael Tanaka, na edição 1 de Tokyo Aijo. Inscreva-se no site e gratuitamente (a primeira edição de Tokyo Aijo aqui.
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